terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Randolph Scott

                                             
Alma de renegado / Riding Shotgun (1954)

É um filme com a direção de Larry Delong (Randolph Scott) trabalha como guarda de diligência, enquanto procura Dan Marady (James Millican), o assassino de sua irmã e sobrinho. Larry cai em uma emboscada, sendo capturado por Marady e seus capangas, que o deixam amarrado para morrer na montanha. O assalto da diligência não passa de um truque para afastar o xerife Tub Murphy (Wayne Morris) e seus homens da cidade, permitindo que o bando se apodere do cofre do casino local. Larry consegue escapar e revela aos cidadãos de Deep Water o projeto dos bandidos, mas ninguém acredita nele e o acusam de ter roubado aqueles que fora encarregado de proteger. Refugiado em uma cantina, Larry consegue fugir e liquidar Marady e seu assecla Pinto (Charles Buchinski, o futuro Charles Bronson).

O filme lembra um pouco Matar ou Morrer / High Noon / 1952, mostrando o herói sozinho tanto diante dos bandidos como da população de sua própria cidade. A única pessoa decente é o xerife, mas ele está mais interessado em comer do que em fazer justiça (em uma situação tensa na narrativa, ele dá um tempo para pegar um pedaço de torta). Narrado em voz over por Delong, a história começa nos exteriores e depois a intriga se transfere para as ruas e prédios de Deep Water, onde De Toth constroi uma tensão permanente, incutindo algum humor no enredo como, por exemplo, o dono da cantina (Fritz Feld hilariante) preocupado com o seu espelho novo durante o tiroteio ou a aparição de sua mulher e a filharada, para lhe confiscar o dinheiro recebido de Delong. A melhor cena de ação é o assalto final do casino e a morte de Pinto com a ajuda do menino e seu estilingue e o segundo revólver (a Berringer de bolso de estimação de Marady), que Delong trazia consigo.

créditos: A.C. Gomes de Mattos

ARIZONA VIOLENTA - Ten Wanted Men (1955)
A história de “Arizona Violento” é de autoria da dupla Irving Ravetch-Harriet Frank Jr., responsáveis entre outros pelas histórias dos faroestes “Fora das Grades” (Run for Cover), “Hombre”, “Os Cowboys” (The Cowboys) e dramas como “O Mercador de Almas”, “O Indomado” e “Norma Rae”. O roteiro de “Arizona Violento”, porém, coube a Kenneth Gamet dono de uma invejável série de bons roteiros em seu currículo. Neste western John Stewart (Randolph Scott) é dono de muitas terras em Ocatilla, Território do Arizona. Stewart traz seu irmão, o advogado Adam Stewart (Lester Matthews) de Cincinnatti, Ohio, para dar início a um processo onde a Justiça não seja feita pelos mais poderosos, como o próprio John Stewart. Porem não compartilha dessa opinião o também dono de terras, em menor escala, Wick Campbell (Richard Boone). Campbell usa de meios escusos para se apropriar de pequenas propriedades importantes e apesar de seu poder não é correspondido por Maria Segura (Donna Martell), mexicana que trabalha para ele, Campbell, no saloon de sua propriedade. Junto com Adam Stewart chega também ao Arizona seu filho Howie Stewart (Skip Homeier), insatisfeito por estar longe da civilizada Cincinatti. Howie se enamora de Maria Segura e a jovem foge do domínio de Campbell. Determinado a aumentar seu poder no Arizona, Campbell contrata o fora-da-lei Frank Scavo e seu bando de pistoleiros. Clyde Gibbons (Dennis Weaver), o xerife de Ocatilla pouco pode fazer e a quadrilha de Scavo rouba gado para Campbell. Não satisfeito, Campbell mata o advogado irmão de John Stewart. Scavo percebendo certa fraqueza em Campbell decidi trai-lo e roubar todo seu dinheiro. Stewart, então se defronta com Campbell, matando-o e com a ajuda de Howie, Gibbons e outros enfrentam o bando de Scavo que é dominado por Stewart. Ao final ocorre um duplo casamento, o de John Stewart com a viúva Corinne Michaels (Jocelyn Brando) e o de Howie com Maria Segura.
Lee Van Cleef trabalhando com Randolph Scott neste filme!

 O HOMEM QUE LUTA SÓ - Ride Lonesome (1959)
Em “O Homem Que Luta Só”, Ben Brigade (Scott) ex-sheriff de Santa Cruz prende o assassino Billy John (James Best), a quem deve conduzir até aquela cidade onde será julgado e enforcado. Brigade retarda sua caminhada até Santa Cruz para dar tempo para que o bandido Frank (Lee van Cleff), irmão de Billy, os alcance e possibilite o ajuste de contas entre ele Brigade e Frank. No trajeto até Santa Cruz encontram Sam Boone (Pernell Roberts) e Whit (James Coburn), foragidos da justiça que tencionam deixar de ser malfeitores, usando para isso a entrega do bandido Billy como se eles e não Brigade o tivessem capturado. Encontram também a senhora Carrie Lane (Karen Steele), cujo marido foi morto pelos índios. Para entregar Billy à justiça e serem anistiados de seus crimes, Boone e Whit precisam eliminar Brigade. A razão do ajuste de contas entre Brigade e Frank é que este havia enforcado a esposa de Brigade como forma de vingança. Frank teve que cumprir pena na prisão de Yuma depois de ser preso por Brigade. Quando afinal Frank se defronta com Brigade, acaba sendo morto por este. Surpreendentemente Brigade permite que Billy seja levado a Santa Cruz não por ele, mas sim pelos dois foras-da-lei que tencionam se recuperar aos olhos da Justiça. A cena final se passa exatamente onde está a árvore na qual Frank havia enforcado a esposa de Ben Brigade
 

ROTEIRO DE AMBIGUIDADES - “O Homem Que Luta Só” foi filmado inteiramente em locações, a maior parte delas em Alabama Hills, que foi cenário também de “Sete Homens Sem Destino” e “O Resgate do Bandoleiro” (The Tall T). A memorável sequência final na qual Brigade vinga-se de Frank foi filmada em Lone Pine. O fato de não haver cenas de estúdio foi determinante para que a aridez de Alabama Hills desse maior autenticidade às ásperas conversas mantidas entre os personagens. O laconismo de Ben Brigade (Scott) com respostas secas transforma-o num ser amargo e obcecado pelo único propósito de sua vida. Quando Carrie Lane (Karen Steele) tenta percrustar seu interior ele lhe responde: “Dona, você sabe fazer um café como ninguém” e retira-se. Whit (James Coburn) e Boone (Pernell Roberts) conversam tão aberta quanto ambiguamente. E ambíguas são diversas situações de “O Homem Que Luta Só”, tão comuns nos cinco westerns roteirizados por Burt Kennedy. Em certo momento Whit segura o espelho para Boone se barbear enquanto Carrie exibe sua silhueta tentadora. Em outro momento Boone diz para o amigo que o quer como sócio no futuro, porque gosta muito dele, palavras estranhas para quem libidinosamente olha para Carrie. E mais uma vez o homem que quase sempre luta só (Randolph Scott) distancia-se da provocante mulher que desaparece com os amigos Whit e Boone. Solitário, Brigade vê queimar a árvore que serviu duas vezes de forca. Nenhum dos roteiros de Burt Kennedy posteriores aos feitos de encomenda para a série com Boetticher e Scott, tiveram igual dose de ambigüidade, solidão do herói ou obsessão por vingança. Muito pelo contrário, os roteiros de Kennedy foram marcados por muita ação e pelo tom alegre de comédia, o mesmo valendo para os western que dirigiu, sendo exemplos maiores “Gigantes em Luta” (The War Wagon) e as comédias “Uma Cidade Contra o Xerife” (Support Your Local Sheriff) e "Látigo, o Pistoleiro" (Support Your Local Gunfighter). Inequivocamente Burt Kennedy escreveu para a persona criada por Randolph Scott, persona essa, como já foi dito tantas vezes, evocativa dos personagens de William S. Hart.

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